Lembro-me, com a nitidez de apenas um dia passado, de quando descobri e acabei romantizando a prostituição.
Lembro-me do cheiro e da atmosfera densa do puteiro e do rosto de alguns notívagos mal-encarados freqüentadores.
As moças inocentes e, ao mesmo tempo, tão cientes do que faziam. Demonstrando prazer e culpa – se esta existia – em gemidos e contorções. E a minha falta de culpa ao voltar pra casa e dividir a cama com a mulher.
Com as moças sim, dava-me ao libertino clichê de acender cigarros após o ato sem o medo da repreensão por feder o quarto.
Como as amo!
Putas batalhando o sexo do dia pelo almoço do seguinte. Impecáveis atrizes do coito. Seres que me são os mais íntimos de minha vida e que os conheço a não mais que minutos.
Lembro-me de tudo.
Ferem-me as costas, me insultam. Eu – que, recluso em meu orgulho, não aceitaria isto de ninguém – ainda as amo. Amo-as e ainda sim conseguem me fazer ver que o que fazem com outros não é mais que mero trabalho. Assim, não me dou a ciúmes.
Pedem-me que as maltratem. Receio, mas o faço.
A entrega.
O contato.
Depois me enojo.
Mas no outro dia volto.
sexta-feira, 18 de junho de 2010
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