sexta-feira, 18 de junho de 2010

Até Amanhã

Lembro-me, com a nitidez de apenas um dia passado, de quando descobri e acabei romantizando a prostituição.

Lembro-me do cheiro e da atmosfera densa do puteiro e do rosto de alguns notívagos mal-encarados freqüentadores.

As moças inocentes e, ao mesmo tempo, tão cientes do que faziam. Demonstrando prazer e culpa – se esta existia – em gemidos e contorções. E a minha falta de culpa ao voltar pra casa e dividir a cama com a mulher.

Com as moças sim, dava-me ao libertino clichê de acender cigarros após o ato sem o medo da repreensão por feder o quarto.

Como as amo!

Putas batalhando o sexo do dia pelo almoço do seguinte. Impecáveis atrizes do coito. Seres que me são os mais íntimos de minha vida e que os conheço a não mais que minutos.

Lembro-me de tudo.

Ferem-me as costas, me insultam. Eu – que, recluso em meu orgulho, não aceitaria isto de ninguém – ainda as amo. Amo-as e ainda sim conseguem me fazer ver que o que fazem com outros não é mais que mero trabalho. Assim, não me dou a ciúmes.
Pedem-me que as maltratem. Receio, mas o faço.

A entrega.

O contato.

Depois me enojo.

Mas no outro dia volto.